segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

A IMPORTÂNCIA DA MÃE NO DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO DO FILHO

Segundo Donald Winnicott, Pediatra e Psicanalista infantil, a mãe exerce um papel essencial, não só para a conservação da vida, biologicamente falando, mas para a constituição de um mundo interno bastante integrado.

A tarefa da mãe é oferecer um suporte apropriado para a criança obter um desenvolvimento positivo, sobretudo entre o nascimento aos 7 anos - fase em que a mãe exerce o papel de um “ego auxiliar”, ajudando a criança a desenvolver suas capacidades.

Winnicott dizia que a mãe assume uma capacidade particular para se identificar com as necessidades da criança. O vínculo físico e emocional entre a díade, mãe e filho, acertará as bases para um desenvolvimento saudável da criança. Esta, quando retirada bruscamente do seu ambiente e do seio materno se sentirá ameaçada, desamparada e em zona de perigo.
O que acontece quando a mãe não exerce esse papel do “ego Auxiliar”, dando essa proteção necessária?
A criança entenderá esta falha ambiental como uma ameaça a sua continuidade existencial, que, por sua vez, provocará nela a vivência subjetiva de que todas as suas percepções e atividades motoras são apenas uma resposta diante do perigo a que se vê exposta. Sem sentir seus movimentos ou estímulos externos, vivencia-os como resultado de um mundo ameaçador.

Nesta fase, a criança vive em um estado de dependência absoluta de sua mãe. A direção do desenvolvimento em condições ambientais favoráveis leva gradualmente à obtenção da independência e a uma diferenciação crescente entre o interno e o externo. Quando esse objeto materno está danificado, é possível ver na criança a “angústia da separação”, principalmente, quando a mãe se ausenta por um tempo prolongado.

Para Winnicott a criança nasce em um estado de não integração. Os núcleos do ego estão dispersos e incluídos em uma unidade que ela forma com o meio ambiente em que vive, sendo assim, um período de dependência absoluta da mãe. Esta, por sua vez, a partir de seus cuidados, deve cumprir a especial importância de recolher os “pedacinhos do ego”, permitindo à criança sentir-se integrada dentro dela. A mãe assume a responsabilidade de proteger o filho do mundo exterior. As ameaças são neutralizadas, dentro do desenvolvimento sadio normal, pela existência do cuidado amoroso por parte da mãe.

A criança normal pode passar por estados de despersonalização ou não integração, em condições bruscas de ausência materna, podendo desencadear problemas psicológicos futuros. Prover à criança os elementos básicos para a reconstrução da imagem psíquica do mundo externo é papel fundamental da mãe.


Fernando Costa

2 comentários:

  1. Muito bom o artigo, valeu muito para exclarecer nossas dúvidas. Muito Obrigado.

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  2. Somos os avós, cuidamos do neto desde os cinco meses até os dois anos e semana passada a mãe resolver tirá-lo dos nossos cuidados bruscamente. Estamos preocupados e precisamos saber quais os malefícios para o seu desenvolvimento psicológico, pois um forte vínculo afetivo se formou como resultado e arrisco a afirmar que sob a visão da criança, nós somos os pais de fato. Segundo Piaget, somente a partir dos 3 anos vai ocorrer uma grande "ampliação da socialização": a criança é exposta a influências sociais mais amplas. Dá a entender que será mais fácil para ela substituir a mãe de fato (avó) pela mãe de direito. Até lá, uma lacuna de insegurança vai se instalar, principalmente por que a mãe substituta será justamente aquela que o rejeitou no passado. A mãe, mesmo sem trabalhar, aos três meses colocou-o na creche, maus cuidados levaram-no à internação hospitalar, aos quatro cortou a amamentação voluntariamente, sempre oferecendo o menino para as vizinhas e aos cinco, temendo um mal maior, resolvemos criá-lo. Durante todo esse período a avó ajudava e orientava a mãe que não se interessava. Ela está alegando que teve depressão pós-parto, mas que já está curada, sem nunca ter se tratado. Não temos a intenção de lhe tirar o filho, mas não sentimos amor verdadeiro dela pela criança, parece mais com posse, pois ela disse que agora ele está bonitinho e bonzinho. E durante os dois anos sempre tentamos reaproximá-la, mas não houve real interesse dos pais, inclusive com tratamento muito rude e excesso de castigo nas poucas horas com sua presença. Nunca fomos desses avós liberais demais, sempre impusemos limites, mas cuidamos dele com muito carinho, afeto e amor. Até alguns meses atrás ele ficava insuportável na casa dos pais a ponto de nos “devolverem”. Hoje em dia, ele nunca quer ir, chora aos berros, torna-se violento, mas uma vez lá, parece que está mais conformado e chora pouco pelos avós. Volta eufórico, satisfeito, feliz, revê cada um dos brinquedos com alegria, correndo pela casa que ele chama de “casa do bebê”. Durante a semana com muita paciência restabelecemos seu equilíbrio, mas o menino vai para eles e novo ciclo nocivo se inicia. A mãe diz que “testou” ele durante 8 dias em sua casa e, como não chorou tanto pela avó, concluiu que já pode ficar com ele. O psicólogo da Vara da Infância, em 3 visitas, insiste em dizer que ele já está interagindo com os pais e que vai se adaptar. Perplexos e indignados, não concordamos pois é substancial a mudança de ambientes material e principalmente afetivo. O pai trabalha à noite, a mãe é notívaga e quando o menino retorna está faminto, com muito sono, estressado, nervoso, completamente desestruturado em sua rotina de bem estar. Achamos que de certa forma conseguimos restabelecer sua segurança psicológica e também face a não alienação parental, mas tememos o que vai acontecer daqui para frente, pois o combinado era uma volta gradativa aos pais, mas estes alegam que estão cansados da situação, não vão devolver mais, que ele sempre vai estar a nossa disposição para visitas somente. Dizem que têm pressa e este imediatismo é inerente a sua natureza de jovens. Desde que o levaram, estamos aflitos, preocupados e não dormimos direito, pois infelizmente não confiamos nos pais ainda. Pode ajudar-nos?

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