quarta-feira, 18 de abril de 2012

OS CUIDADOS COM OS TRANSTORNOS PSÍQUICOS NA GESTAÇÃO E NO PUERPÉRIO


 A gravidez é um período de extraordinária carga emocional, que resulta no aumento do nível de estresse e de ansiedade. Esses fatores, associados com as alterações hormonais, modificações físicas e psicológicas imprimem na mulher momentos de tristeza ou quadros depressivos ao longo da gestação e no período puerperal.


Para manter a gravidez, a placenta produz os hormônios HCG, Progesterona, Estrógenos e Lactogênio placentário humano, causando na mulher alterações hormonais que criam condições de instabilidade emocional, favorecendo a instalação de distúrbios psicogênicos, especialmente se a gestante tem um núcleo psicótico ou personalidade pré-mórbida.

Há possibilidades de que a depressão resulta dos elevados níveis de estrógeno e progesterona no período gestacional, quando as alterações de humor ocorrem nessa fase, e que a brusca queda desses hormônios, no pós-parto, pode estar envolvida na etiologia da depressão puerperal. Mas, não menos importante, pode também está associada a períodos de impotência ante as dificuldades na fase da infância ou da adolescência na relação com os pais e com o meio social.

Os principais fatores de risco psicossociais relacionados à depressão maior na gestação apontam para a gravidez precoce, não planejada ou não desejada, abuso sexual na infância, conflito na relação conjugal, violência doméstica, história de transtorno psiquiátrico prévio, eventos estressantes experimentados nos últimos dois anos, mães solteiras, estar desempregada ou o seu cônjuge, abortamentos, abuso de substâncias químicas e personalidades desorganizadas.

Não obstante a alta constância da depressão em mulheres grávidas, as indicações para o tratamento psicológico e psiquiátrico durante a gravidez são escassas. Vale salientar que os transtornos emocionais causam efeitos extremamente nocivos para a qualidade de vida da gestante, do bebê e, por consequência, do cônjuge e família. O estresse crônico presente nos quadros depressivos favorece elevados níveis de hormônios que induz a maior liberação de adrenalina causando taquicardia, dilatação das pupilas e vasoconstrição que reduz a demanda de oxigênio e nutrientes para o bebê, causando sofrimento fetal ou morte intra-uterina; e outro, como o cortisol que, também, é liberado em excesso, agindo sobre a placenta que produz mais hormônio que desencadeia contrações uterinas graves, podendo levar ao parto prematuro e ao atraso no desenvolvimento cognitivo e comportamental da criança.  

O pós-parto tem sido objetivamente definido como o período de maior vulnerabilidade para o surgimento de transtornos psíquicos graves na mulher. Durante esta fase, aproximadamente 85% das puérperas experimentam, pelo menos, alguma forma de alteração de humor. A maioria delas apresenta sintomas leves e transitórios chamados de disforia puerperal ou puerperal blues ou maternity blues, tristeza pós-parto. No entanto, cerca de 10% a 15% podem experimentar uma forma mais agressiva e persistente de distúrbio psíquico, seja a depressão pós-parto ou a psicose puerperal.

A disforia ou tristeza pós-parto se caracteriza por um transtorno de humor leve e benigno, que se inicia nos primeiros dias após o nascimento do bebê e cede espontaneamente em até duas semanas. Seus sintomas incluem labilidade afetiva, choro fácil, ansiedade, insônia, diminuição da vontade de se alimentar, irritabilidade e comportamento hostis para com o companheiro ou familiares. Esses quadros, via de regra, não necessitam de intervenções farmacológicas e a abordagem é feita no sentido de manter suporte emocional, compreensão e assistência aos cuidados com o bebê.

Em alguns casos, a situação pode persistir de forma progressiva, levando a uma condição mais séria chamada de depressão pós-parto. Aproximadamente 13% das mulheres passam por esta experiência no puerpério. Não obstante a algumas mulheres ingressarem rápido nos sintomas logo após o parto, a depressão pós-parto, mais comumente desenvolve-se ao longo dos primeiros seis meses do pós-parto. As pacientes se apresentam com humor deprimido, choro fácil, labilidade afetiva, irritabilidade, perda de interesse pelas atividades habituais e pela higiene pessoal, sentimentos de culpa, desinteresse pelo bebê, diminuição na capacidade de se concentrar, insônia, fadiga e perda de apetite.
Já a psicose puerperal é bem menos frequente do que a disforia pós-parto, acontece em 0,1% a 0, 2% das puérperas. É de inicio rápido e cedem até duas semanas do pós-parto. Os sintomas iniciais são fatigabilidade, humor irritável e insônia, seguidos de delírios, alucinações e comportamento desorganizado. Entre os fatores de riscos estão a primiparidade (primeiro parto) e os antecedentes pessoais ou familiares de transtornos psiquiátricos, especialmente os psicóticos.

Incentivo aqui a necessidade do diagnóstico precoce por parte dos obstetras e a indicação ao tratamento psicológico da depressão gestacional e puerperal como formas preventivas de atuar em favor da saúde materno-fetal.

Fernando André Costa
Psicoterapeuta

segunda-feira, 16 de abril de 2012

O AMOR COMO MÉTODO PSICOTERAPÊUTICO

A Psicoterapia do Amor


A nossa relação homem e mulher contemporânea, herdou quase meio século de individualismo e competitivismo, caracterizada pela dominação do outro, gerando ansiedade, desmotivação para os ideais interiores, insatisfação e o vazio existencial, contrário ao auto-amor.
A partir de amar-se a si mesmo, o indivíduo amadurece os sentimentos de compreensão da vida e de deveres morais para com a própria evolução psicológica. Esses descobrimentos permitem ao homem a identificação dos valores reais e imaginários, rasgando o véu que esconde os “receosos” limites e as “insuportáveis” imperfeições, a fim de prepará-lo para a superação, trabalhando com empenho e sem exigências desnecessárias, perdoando-se quando erra até alcançar o êxito.
O amor não pode jamais ser biológico ou ocasional, deve ser acima de tudo espontâneo, sem forma, sem imposições, sem cobrança e sem exigência de retribuições. Desse modo, o amor não gerará dependência, a que se apegam os ansiosos, os fracassados, os angustiados, que transferem seus conflitos para o outro, necessitando de uma segurança que ninguém pode lhe oferecer, a não ser ele próprio.  Não é difícil encontrar um relacionamento cuja base está no jogo de interesse de dois indivíduos solitários que buscam uma relação de compensação, engajados por um pseudoamor, quando, na verdade, estão se esquivando da solidão, daquele vazio interior que suscita perturbadoras neuroses.
Para que haja ternura no relacionamento se faz necessário que existam forças morais, oriundas do autoconhecimento e do abandono das máscaras ilusórias, que antes traduziam o amor, a fim de superarem as vicissitudes sem que se perca a individualidade e os sonhos. O amor é o mais eficiente método psicoterapêutico ao alcance de todos.

Fernando André Costa
Psicoterapeuta