sábado, 23 de junho de 2012

HIPNOTERAPIA (HIPNOSE CLÍNICA) NO BRASIL



            Ninguém ousou, até hoje, apontar a origem da hipnose. O que se diz a respeito é que os povos antigos como os maias, os astecas, os persas e os gregos utilizavam a hipnose como meio de cura. Os sacerdotes ou os bruxos provocavam um estado chamado sono mágico que, através da imposição das mãos ou rituais caracterizados por cantos e danças com um ritmo monótono, induzia ao indivíduo a entrar numa espécie de transe.

A hipnose foi durante muito tempo, cercada de uma aura de misticismo e esoterismo, que estigmatizou, por muitos séculos, todas as possibilidades e todas as suas qualidades técnicas positivas. Desde a fase do exorcismo, onde era vista como um fenômeno demoníaco, até a fase do magnetismo animal de Mesmer, na qual teve seu primeiro emprego sistemático, passou a ser vista como um fenômeno natural, ainda que houvesse uma relutância da ciência formal em acatá-la como técnica investigativa e terapêutica.
Um cirurgião e oculista escocês chamado James Braid (1795-1860) pesquisou, pela primeira vez através de métodos científicos, o fenômeno do sono provocado por um magnetizador. Ele negou que os imãs e o magnetismo eram os responsáveis do estado hipnótico e a conseqüência das curas. Utilizando a palavra “hypnos”, que em grego significa sono, explicou a natureza deste estado hipnótico, excluindo a existência de fluidos magnéticos emanados das mãos ou dos olhos do magnetizador. Pela profissão que exercia, acreditava que a fixação do olhar em um ponto luminoso cansava os músculos ao redor dos olhos e que este cansaço produzia o estado hipnótico.
A hipnose recebeu contribuições de Charcot, porém de maneira incorreta ao associar o fenômeno da sugestão a uma manifestação patológica. As teorias de Charcot não resistiram às criticas de seus opositores. Verificou-se, com o tempo, que a hipnose nada tem a ver com um estado patológico e que as fases do transe, classificados por ele – catalepsia, letargia e sonambulismo, são estados possíveis, porém não obrigatórios no fenômeno hipnótico.
Já a teoria Pavloviana (não me refiro a psicologia do comportamento que foi instituída a partir dos experimentos com animais), afirma que a hipnose é um estado entre a vigília e o sono que permite uma relação entre o hipnotizador e o hipnotizado. Entretanto, a escola Pavloviana não considera a camada inconsciente na história afetiva do homem.
Freud por não conseguir grandes domínios da técnica de hipnotizar, abandona-a em favor da livre associação. Com poderosa penetração e força da psicanálise no mundo ocidental, a hipnoterapia foi relegada a um nível secundário, sendo por muitos autores considerada inadequada, inútil e maléfica. Mas, graças às obras de cientistas de peso como Pavlov, Schultz (treinamento autógeno) e Erickson, a hipnose não foi esquecida.

HIPNOSE NO BRASIL
Durante o governo de Jânio Quadros, a hipnose no Brasil ficou proibida. Além de contrariar os principais conselhos de saúde, atrasou os trabalhos de pesquisas na área.
A hipnose passou a ser legalmente utilizada, no Brasil, há quarenta anos, por odontólogos, em seguida por médicos, psiquiatras, psicólogos e terapeutas. Hoje, utilizada inclusive em departamentos de polícia que busca esclarecer crimes pela técnica do reforço da memória das vítimas.
Apenas pessoas devidamente capacitadas podem fazer uso da hipnose de forma prática, como deliberaram os conselhos Federais de Psicologia, Medicina e Odontologia. Para os hipnoterapeutas, ou melhor dizendo, os psicólogos que trabalham com hipnose clínica, a prática desta como recurso auxiliar no trabalho terapêutico foi regulamentado pelo Conselho Federal de Psicologia, a partir da Resolução nº 013, no dia 20 de dezembro de 2000.

Fernando Costa
Psicólogo Clínico e Hipnoterapeuta
Recife/PE

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